Aulas Virtuais de Imunologia

Dentro da área da educação, uma das mais fortes tendências atuais é o desenvolvimento de estratégias que possibilitem o ensino a distância. O reconhecimento da internet como ferramenta de aprendizagem, aprimoramento e difusão do ensino é inquestionável.

(Prof. Symone Fulgêncio Lima - PUC Minas/Betim)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Choque de Origem Imune: alérgico e séptico

Componentes Do Grupo:

Clarissa Rocha
Júlio César
Natália Braga
Rafael Isaac
Roberto
Silmara
Thays Cristina



Choque alérgico e Choque séptico



Reações alérgicas

As reações alérgicas ocorrem quando um individuo que produziu anticorpo IgE em resposta a um antígeno inócuo, ou alérgeno, encontra subseqüentemente o  mesmo alérgeno. O alérgeno desencadeia a ativação de mastócitos ligantes de IgE no tecido exposto, levando a uma série de respostas que são características da alergia. Existem circunstâncias  em que IgE esta envolvida na imunidade protetora, especialmente em respostas a vermes parasitas, que são predominantes em países menos desenvolvidos. Em países industrializados, porém, as respostas de IgE a antígenos inócuos predominam e a alergia é uma das doenças mais prevalentes. As reações alérgicas a antígenos ambientais comuns afetam até metade da população na América do Norte e na Europa e, embora raramente apresente risco de vida, causam muito sofrimento e ausências a escola e trabalho. Devido a importância clinica da alergia nas sociedades industrializadas, sabe-se muito mais sobre a patofisiologia das respostas mediadas pela IgE do que seu papel fisiológico normal. (fig. 12.1)

Imagem retirada do livro: JANEWAY, Charles, A. Et Al: Imunobiologia: O sistema imune na saúde e na doença. 6ed. Porto alegre: Artmed, 2007.517p


O termo alergia foi originalmente definido por Clemens Von Pirquet como “uma capacidade alterada do corpo de reagir a uma substância estranha”, o que era uma definição extremamente ampla que incluía todas as reações imunológicas. Atualmente a alergia é definida de modo muito mais restrito, como “a doença seguindo uma resposta do sistema imune a um antígeno, sob outros aspectos, inócuo. A alergia é parte de uma classe de respostas do sistema imune que são denominadas reações de hipersensibilidade; essas são respostas imunes nocivas que produzem lesão tecidual e podem causar doença séria.
A reação alérgica é dividida em uma resposta imediata e uma resposta de fase tardia.
A reação imediata inicia-se em segundos após a resposta inflamatória, e a resposta tardia leva de 8-12 horas para se desenvolver


Choque alérgico


Quando um alérgeno é introduzido diretamente na circulação sanguínea, ou é rapidamente absorvido pelo intestino, os mastócitos no tecido conjuntivo associados aos vasos sanguíneos podem se tornar ativados. Essa ativação causa uma síndrome muito perigosa chamada anafilaxia sistêmica. A ativação disseminada dos mastócitos apresenta uma variedade de efeitos potencialmente fatais: o amplo aumento da impermeabilidade vascular leva a perda catastrófica da pressão sanguínea, a constrição das vias aéreas, causando dificuldade na respiração e a edema na epiglote, que pode causar sufocamento. Essa síndrome potencialmente fatal é chamada de choque alérgico ou choque anafilático. Ela pode ocorrer se drogas são ministradas em pessoas com IgE específica para aquela droga, ou após uma picada de insetos em indivíduos alérgicos a veneno de insetos. Alguns alimentos, como amendoins, camarão, podem causar choque alérgico e pode ser rapidamente fatal, se não for controlada pela administração de epinefrina, que relaxa o músculo liso e inibe os efeitos cardiovasculares do choque.


Choque séptico


O LPS bacteriano é um componente da parede celular de bactérias gram-negativas conhecido há muito tempo por sua capacidade de induzir uma reação sistêmica dramática, conhecida como choque séptico.
A resposta ao LPS é comumente avaliada experimentalmente pela capacidade de choque séptico mediada pela LPS. Esta síndrome resulta na massiva  secreção de citocinas, principalmente TNF-x, freqüentemente como resultado de uma infecção bacteriana descontrolada. Percebe-se que essa é uma conseqüência indesejável da mesma função efetora do TNF-x que é importante para conter uma infecção localizada.
As modificações moleculares das superfícies das células endoteliais induzidas pelos mediadores inflamatórios também levam a expressão de moléculas nas células endoteliais, que deflagram a circulação sanguínea nesses pequenos vasos locais, obstruindo-os e cortando o fluxo sanguíneo. Isso pode ser importante na tentativa de impedir que agente infeccioso entre na corrente circulatória, disseminando-se pelo sangue para todos os órgãos do corpo.
Porém uma vez que a infecção de dissemina para a corrente circulatória, os mesmos mecanismos por meio dos quais o TNF-x reprime a infecção local com tanta eficiência tornam-se catastróficos. A presença de infecção na corrente sanguínea, conhecida como sepse, é acompanhada pela liberação de TNF-x pelos macrófagos no fígado, no baço e em outros locais. A liberação sistêmica de TNF-x causa vasodilatação e perda volume plasmático, devido a um aumento da permeabilidade vascular, conduzindo ao choque.
No choque séptico, a coagulação intravascular disseminada é igualmente deflagrada pelo TNF-x, levando a formação de coágulos nos pequenos vasos e ao consumo de proteínas da coagulação, de modo que o paciente perde a capacidade de coagular o sangue de maneira apropriada. Tal condição leva a falência dos órgãos vitais, como rins, fígado, coração e pulmões, que são rapidamente comprometidos pela insuficiência de perfusão normal; conseqüentemente o choque séptico demonstra um elevado índice de mortalidade. (fig. 2.45)

Imagem retirada do livro: JANEWAY, Charles a.Et Al: Imunobiologia: O sistema imune na saúde e na doença. 6ed. Porto alegre: Artmed, 2007.86p.



Fases clínicas do choque séptico













Fonte: Ministério da saúde


Veja no vídeo: a perfusão tecidual no choque séptico: O vídeo ilustra a vasodilatação e perda do volume plasmático, devido a um aumento da permeabilidade vascular, conduzindo ao choque.
Disponível em:

É interessante:


Vacinas para alergia

A imunoterapia, também chamada de vacinação antialérgica, terapia de desensibilização e terapia de hiposensibilização, é o único tratamento para alergia que pode diminuir ao longo prazo sua sensibilidade aos alérgenos. O conceito baseia-se no mesmo princípio das imunizações para gripe ou poliomielite. Doses pequenas e controladas de um alérgeno ou alérgenos são introduzidas no corpo para que você possa desenvolver tolerância. As injeções levam ao desenvolvimento de uma resposta imune protetora através do aumento das células T supressoras e do aumento de anticorpos protetores ou "bloqueadores". Quanto mais tolerante se tornar o corpo, menos sintomas você terá. A boa notícia é que a imunoterapia proporciona uma melhora significativa em mais de 90% dos pacientes com rinite alérgica periódica e em 70 a 80% daqueles com rinite alérgica perene.
 O primeiro passo na imunoterapia é fazer o teste de alergia, que conta ao médico ao que você é alérgico e o quanto você é sensível. Usando os resultados do teste e o seu histórico, o alergista prepara extratos próprios para você, feitos de um ou mais alérgenos. Como a maioria das pessoas alérgicas reage adversamente a muitos alérgenos, podem ser feitos vários extratos (colocados em frascos individuais). Algumas pessoas precisarão de apenas uma injeção por vez, enquanto outros precisarão mais de uma mistura de extratos e mais do que uma injeção, dependendo de quantos alérgenos precisarem ser cobertos
As vacinas antialérgicas são sugeridas quando:
  • há uma resposta incompleta aos medicamentos;
  • os medicamentos causam efeitos colaterais inaceitáveis;
  • não é possível evitar o alérgeno;
  • há um desejo de diminuir o uso dos medicamentos a longo prazo, como no caso de crianças ou de uma mulher que deseja engravidar daqui a alguns anos;
  • elas podem prevenir o desenvolvimento de alergias adicionais ou problemas de saúde relacionados. Em crianças, as vacinas têm diminuído a probabilidade de desenvolver asma.

Como são feitos os soros para alergia


Em termos extremamente simplificados, em um processo de extração de soro, os soros de alergia são coletados e processados de um modo parecido com os alimentos industrializados. O pólen, por exemplo, é colhido de várias maneiras, filtrado, concentrado e processado em um soro. Um soro de pêlo de gato é extraído do pêlo de gato. Um dos processos mais repulsivos envolve os ácaros de poeira. Os ácaros são cultivados em grandes lotes até que morram. Os ácaros mortos (com seus resíduos fecais e tudo mais) são colhidos e processados para produzir um extrato.



Vídeos:


Vídeo 1: O que é choque?


Tradução do vídeo:

The sublingual microcirculation during septic shock and resuscitation healthy volunteer
A micro circulação sublingual durante choque séptico e voluntários saudáveis/ressuscitação
Shock septic
Choque séptico
resuscitation with nitroglycerin
Ressuscitação com nitroglicerina

O que o vídeo quis dizer?

Choque é basicamente um colapso no sistema circulatório e respiratório, o choque séptico no homem é causado por uma maciça produção de citocinas, principalmente o  TNF-x, por exemplo, como o resultado de uma infecção bacteriana sistêmica incontrolável. No caso do vídeo foi mostrada a perfusão tecidual no choque séptico, como era a circulação, como fica durante o choque séptico e como ficará depois do tratamento com  nitroglicerina.
Vídeo postado por:  Guibveccs no site: youtube.com em 08/08/2008.



Vídeo 2: Entrevistas a imunologistas que explicam sobre choque.





Exercícios para fixação:


1-    Quais são os sintomas causados por choque anafilático? E choque séptico?
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2-    Explique o que é a imunoterapia, e quais são suas vantagens e desvantagens.

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3-    Quem são os indivíduos mais favoráveis a predispor um choque
Séptico?
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4-    Quais células coordenam as reações alérgicas?
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5-    A inalação de alérgenos está associada ao desenvolvimento de rinite e asma. Comente.
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6-    Explique a diferença entre tolerância alimentar e alérgenos alimentares.
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Referências complementares: Leia mais sobre o assunto:


Choque Circulatório: aspectos básicos de fisiopatologia e terapêutica, por: Leandro H. Gaiga, 2004


SÍNDROME DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SRIS), SEPSE, CHOQUE SÉPTICO E SÍNDROME DA DISFUNÇÃO DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS:  DEFINIÇÕES E IMPLICAÇÕES CLÍNICAS, por: Eliézer Silva e
Jean-Louis Vincent, Disponível em: http://www.vet.ufg.br/uploads/files/1-SIRS.pdf


FISIOPATOLOGIA DA SEPSE E SUAS IMPLICAÇÕES TERAPÊUTICAS, por: Basile-Filho, et AL.; 1998 disponível em: http://www.fmrp.usp.br/revista/1998/vol31n3/fisiopatologia_sepse.pdf



FISIOLOGIA DO CHOQUE, por Sílvia Marta e João Bruno Soares, 2003



Referências Bibliográficas:



JANEWAY, Charles a.Et Al: Imunobiologia: O sistema imune na saúde e na doença. 6ed. Porto alegre: Artmed, 2007.86p.

JANEWAY, Charles a.Et Al: Imunobiologia: O sistema imune na saúde e na doença. 5ed. Porto alegre: Artmed, 2002

ABBAS A.K.; Lichtman, A.H;Pober J.S. Imunologia básica: Funções e distúrbios do sistema imunológico. 2º.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007

SIQUEIRA BG & SCHMIDT A. Choque circulátório: Definição, classificação, diagnóstico e tratamento. Medicina, Ribeirão Preto, abr./dez. 2003.